terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Presépio de papel

Presépio de papel O pinheirinho de Natal lá de casa, no tempo da minha mãe, tinha um presépio de papel. Era uma figura colorida, vasada, que depois de montada, ficava em pé, encostada na lata do pinheirinho que era coberta por papel crepom verde escuro. Para mim significava o nascimento de Jesus. Lá, estava ele na manjedoura. Em volta, seus pais, os reis magos, os presentes, os animais e uma estrela bem no topo da armação. Uma mistura de significados que eu ainda não tinha condições de entender. Por muitos anos, muitos mesmo, o presépio permaneceu lá, inerte, mas movimentando a minha mente, a ponto de não ter sido esquecido 60 anos depois. Hoje, consigo entender que significava uma família. Pai, mãe e o filho, dádiva divina, discutível é verdade, mas era Deus indicando a união, o amor e a caridade em forma de alegorias que só agora percebo. Os filhos deveriam ser uma dádiva divina, um presente que ficasse conosco para toda a vida, no entanto, o mesmo Deus que dá ou empresta, um belo dia recolhe o presente. Tem o filho que se afasta, vai seguir o seu caminho e não volta nunca mais, porque ainda não entendeu, também, ainda não tem 60 anos e não conheceu o presépio da minha infância. Como crucificar? Ah! E o filho doente? Diz o ditado que a mãe gosta mais do filho doente, do filho que está longe e do filho perdido. Puxa vida! Como eu consigo me enquadrar em todos os casos? Certamente é porque gosto de todos eles com a mesma intensidade. Quanto ao filho doente, dessa vez a coisa foi diferente, o Natal trouxe-o de volta pra casa, recuperado. Grande presente do Papai Noel ou Papai do Céu! O presépio estático se movimentou, tomou forma de família e reviveu a esperança. Acredito que foi por isso que eu me lembrei da minha infância, do pinheirinho, do presépio de papel. Ou talvez nunca tenha me esquecido, ele permaneceu latente nas minhas lembranças todos esses anos. Agradecer a benesse recebida em 2011 seria muito pouco diante da minha felicidade. Se ainda falta aparar arestas, no meu caso, só um presépio de papel para resolver. Embora a vida demonstre que muito poucos conseguem manter a família unida, a mensagem continua sendo enviada, não mais pela figura imóvel daquele presépio, mas por caros e sofisticados meios dinâmicos. Feliz Natal! / 2011 Dóris

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